Aldeia Boa Vista
Tekoa Ñabdeva’eYuy Marãeyre 


aldeia3.JPG (19656 bytes) Em busca da terra sagrada, os índios guaranis rumaram ao litoral. Segundo os antigos pajés, a terra teve uma segunda fase, que teria acabado em água (dilúvio), porém antes desse acontecimento, um índio atravessou o oceano e encontrou o paraíso que pode ser imaginário, uma energia ou algum lugar concreto onde os costumes são cultivados (ñande reko - nossos costumes) e só o bem prevalece. Por isso, pode ser uma terra que procuram ou, quem sabe, já habitam; pois acreditam que quanto mais próximos do mar, mais perto estão da terra prometida.
Os guaranis originaram-se no Paraguai e Argentina, instalando-se ao sul do nosso país. Porém, foram os nativos da Aldeia Rio Branco, em Itanhaém, os primeiros habitantes da Tekoa Ñabdeva’e (Aldeia Boa Vista), há trinta anos. Localizada aproximadamente a 2,3 Km da rodovia BR 101, no bairro do Prumirim, sendo 1,5 Km de estrada de terra até a escola da tribo. Depois segue-se uma trilha de 800m.
aldeia2.JPG (18659 bytes)A aldeia segue seu cotidiano sem muitas surpresas. Porém, sempre atenta ao que seu Deus Ñanderu, o criador da terra, seus seres habitantes e do universo tem a lhes falar através de seus anjos protetores (os elementos que a terra manifesta) ou através das premonições do Pajé.
A aldeia de Ubatuba é liderada pelo cacique Marcos Tupã, 29 anos, desde 1993. É ele quem responsabiliza-se por todo e qualquer ato da tribo. Marcos diz que toda a força de uma aldeia prospera da casa de reza, ela é o tronco de tudo. É onde o pajé, Sr. Marcelino ou Ñamando (Pequeno Sol), reune-se com o cacique Tupã (trovão), junto aos conselheiros para traçar as diretrizes da aldeia. Por exemplo: Todo ano eles decidem juntos o que vão plantar e a função que cada um vai exercer. Primeiro decidem as responsabilidades dos homens e depois a das mulheres. Toda esta organização é em função de uma importante festa que acontece de dezembro a fevereiro, onde todas as aldeias guaranis participam visitando-se entre si, para o batizado das crianças nascidas no decorrer do ano, quando, após três noites de recolhimento na casa de reza, os pajés e os homens da aldeia fumam o cachimbo da paz e na última noite, mais ou menos umas quatro horas da manhã, saem juntos com o pajé para este dar os nomes guaranis para as crianças. Na festa também é comemorada a boa colheita do ano anterior. O festejo é cultuado com bebidas e comidas sagradas. Quando tem alguém enfermo na aldeia, todos reúnem-se na casa de reza e aguardam uma resposta do Deus-trovão (Tupã) que, quando responde, é um sinal de que coisas boas vão acontecer, seja um retorno físico ou espiritual . Também baseiam-se na resposta da mata, rios, animais, vento, de toda a natureza!
aldeia1.JPG (15346 bytes)Boa Vista não recebeu este nome por acaso, pois a vista que oferece aos olhos é de inigualável beleza. É com este panorama que as crianças da Aldeia recebem aulas na escola indígena Tembiguai (mensageiro), mantida pela prefeitura, onde os alunos de 1ª e 2ª séries aprendem sua língua de origem, o guarani-mbya e os de 3ª e 4ª séries recebem aulas em português. 
Através de Marcos Siqueira, da Funai, junto com o projeto Tamar, os espaços comunitários da aldeia (escola, farmácia e casa de reza) contam com a energia solar.
Índio, íntegro a seu planeta; na simplicidade, o primor de saber viver!!
Quem quiser vivenciar o cotidiano da aldeia Boa Vista, ver como surgem através de trançados lindos cestos, apreciar o som primitivo de nossos ancestrais, ou experenciar uma língua para nós desconhecida, pode entrar em contato com a Fundart - (012) 434-1070, falar com Roberta ou Cx. Postal 149 - Ubatuba/SP. CEP: 11.680-000, a/c de Marcos Tupã. 
Deixo aqui meu Há’e Vete (muito obrigada) a Marilena Cabral e ao cacique Marcos Tupã, que colaboraram para a matéria.

aldeia.JPG (35021 bytes)

aldeia4.JPG (51683 bytes)

aldeia6.JPG (19925 bytes)