Cachoeira da Água Branca, 
emoção em 180m de queda livre!

Ubatuba é mesmo uma terra cheia de surpresas e fascínios... que reserva suas maiores belezas para aqueles mais ousados e que sabem que por detrás de uma colina, ou silhueta, há sempre o inesperado... e a secreta beleza! Os sertões de Ubatuba podiam também ser considerados um planeta à parte... o planeta água... O lugar onde as águas vertem para saciar a sede de todas as espécies, surgem no alto das colinas e vêm tomando formas embebecidas, às vezes sutis, intrigantes, aconchegantes e outras, nos deixando sem palavras para expressar tamanha beleza! É o caso da cachoeira da Água Branca, com 180 m de queda livre, nos causando vertigem ao olhar para o início de sua caída; sem dúvida, a gigante de nosso município e talvez do litoral norte. Localizada na serra do Sertão da Quina, a 700 m do nível do mar, a cachoeira paradisíaca só recebe a seus pés pessoas de espírito aventureiro e preparadas fisicamente, pois é uma trilha de classificação difícil e cheia de ciladas. Por isso, não há como fazê-la sem o acompanhamento de um guia local especializado. Outra alternativa, se a curiosidade for muita, é ir de helicóptero ou então navegar no site: www.ubatubavirtual.com.br
Com passos tranqüilos e tempo para admirar as espécies raras pelo caminho, chegamos ao local com no máximo três horas de percurso. Porém... ora passamos por lugares mágicos e tranqüilos, onde caetés fazem as honras da trilha, ornamentando a passagem como se o espírito do grande paisagista Burle Max estivesse por lá orientando os espíritos da mata. Outras vezes, famílias de todos os tamanhos, desde avós até bebês do quase extinto palmito Juçara. Animais deixam seus rastros e marcas, cantos de pássaros nos acompanham por todo o trajeto. 
O trilheiro, que deve estar muito bem preparado com tênis, roupa, etc, não precisa levar água, pois por todo o caminho ouvimos o barulho das águas que cortam o sertão e por inúmeras e incontáveis vezes temos que atravessar cachoeiras para continuar a trilha, muitas vezes por pedras falsas e um tanto escorregadias, que nesta época do ano encontram-se com suas temperaturas um tanto gélidas. Mas o caminho requer, por vezes, muita atenção. Em alguns momentos, passamos por um sítio de bambus taquaraçu, que por motivo de ventos e até mesmo coriscos (raios) encontram-se desgovernados. Então, temos que pular bambus, abaixar e às vezes nos equilibrar em seus troncos, ponte que requer equilíbrio corporal também faz parte do trajeto, sem contar algumas vezes que temos que segurar em cipós para nos equilibrar em troncos, outras vezes passamos por corredores seguros, porém dos dois lados são abismos. Salvem as raízes! Quando olhamos por um momento estamos passando por um mezanino de raízes recoberto por um fina camada de terra, e lá embaixo, “bem baixo”, passa uma enfraquecida corredeira, sem contar as incontáveis e semelhantes bifurcações, onde se o orientador (guia) for inexperiente poderá perder-se. Tocas formadas por pedra com 15 m de abertura estão no meio do trajeto podendo servir de abrigo, caso haja uma eventualidade. Cachoeiras belíssimas fazem parte do caminho, sem contar as cores e formas da mata, até raízes que precisam de seis a cinco homens para abraçá-las encontramos no trajeto. Enfim... quando chegamos à tão esperada Água Branca encontramos um poço como tantos outros e podemos observar parte de sua beleza, mas para ver de perto realmente a sua beleza divina temos que ser mesmo ousados, raízes, abismos e haja pernas e braços... mas vale a pena quando de repente surge aos nossos olhos um verdadeiro milagre! Duas nascentes gêmeas iniciam suas quedas a 180 m de altura e encontram-se no meio do caminho formando uma só queda e sumindo por entre um amontoado de pedras sem deixar vestígios, nem sequer um pequeno lago. Nada! Elas apenas somem diante de nossos olhos... No paredão surgem inúmeras bicas que compõem a beleza desta incrível cachoeira que do pequeno platô onde eu estava dava apenas para avistar uma cadeia de colinas e, ao longe, uma das pontas da montanha de Ilhabela, último município do litoral norte. O que os meus olhos viram eu espero que um dia os seus também possam ver, pois por mais que eu queira não dá para descrever e compartilhar com você tamanha beleza e emoção! Maiores informações através do telefone (12) 3849-8869 com o guia Carlos, que nos acompanhou nesta reportagem.