O poço dos desejos reside na cachoeira do Ipiranguinha

A 5,5 Km do centro da cidade pela Rodovia SP 125 sentido à Taubaté, no bairro do Ipiranguinha. 

ipirang1.JPG (51066 bytes) Os mais antigos dizem que, em certa época do ano, a queda d’água que surge no cume da cachoeira toma forma de uma imagem santa. Esta verdade pode ser comprovada em uma das famosas fotos de Emílio Campi, já exibida em exposições e em alguns guias turísticos e folhetos da cidade. Esta imagem única e rara faz com que incentivem pessoas banhar-se no belo poço que a cachoeira oferece, onde acreditam que a santa realizará seus mais secretos e impossíveis desejos. Segundo informações, o fenômeno ocorre entre as últimas semanas de julho e a primeira de agosto. Porém, o vulto só pode ser percebido a uma certa distância. 
O fascínio e mistério não resume-se só ao aparecimento santo.
Em uma pequena trilha, que inicia-se ao lado direito da cocheira, está uma grande ruína. A construção sedimentada por argila, óleo de animais marinhos, areia da praia, conchas e pedras simétricas leva a crer que ela pertenceu à arquitetura do século XIX. É provável que tenha a mesma idade das ruínas da Lagoinha, pois foi usada a mesma tecnologia e há semelhante desgaste físico, ocasionado pelo tempo e abandono. Porém, a grande incógnita é quem construiu e com qual objetivo foi concluída a obras, que faz pensar ter sido estrategicamente elaborada. Escondida na mata, perto da água (onde, por estar perto da queda, faz muito barulho) e grandes cômodos seriam possíveis porões. Seria utilizado para o tráfico negreiro? Quem sabe...
Ao final da rua da Cascata, no bairro do Ipiranguinha, encontramos um estacionamento, onde há um rústico bar, que no meio da cerrada Mata Atlântica, é o único vestígio, aos nossos olhos, que lembra civilização.
A partir do estacionamento inicia-se um portal imaginário. Um caminho de chão batido, onde a terra firme faz surgir árvores centenárias e troncos gigantes. As bromélias e outras espécies da nossa glamourosa mata enfeitam o trajeto. A recepção fica por conta dos pica-paus, tiês-sangue, tatus, raposas, ipirang2.JPG (22755 bytes) gambás e tantos outros habitantes do lugar, sem contar as borboletas azuis que abrem o caminho por onde passamos. Em poucos minutos, nos deparamos com uma fantástica queda d’água desmanchando-se em um grande poço. O cenário cinematográfico nos permite imaginar o próprio paraíso! Não é difícil acreditar que em um lugar assim ocorram milagres.
Viajar no tempo e no espaço é possível quando entregamos a alma e a imaginação ao lugar em que estamos. A reconstituição fica por conta de um pouco de informação somada ao que estamos vendo, mais ao nosso poder de integração cm o local, que é necessário para o despertar de uma sensibilidade sutil no ser que aprecia. É importante vivenciarmos cada local em que conhecemos. Isso implica não apenas em olhar, mas também em sentir. Podemos assim celebrar cada minuto da vida, não passarmos simplesmente por ela. Afinal, qualquer minuto pode ser o último e cada lugar que conhecemos pode ser o único para sempre na nossa memória.
Ipiranguinha, cascata dos desejos!

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